Asmare

E mãe da associação, Maria das Graças Maçal, conhecida como Dona Geralda, transmite seu conhecimento e luta pela visibilidade e sobrevivência do catador na sociedade e busca um sustento baseado na reciclagem.

Retirado de sua residência por estar em área de risco, foi indicado à ASMARE pela prefeitura. Dentro da associação, ganhou novas oportunidades e se reestruturou. Hoje completa 17 anos na associação e luta para

Vim de uma família de 20/23 irmãos e minha mãe não tinha condições assim optou para trabalhar como catadora nas ruas e ao mesmo tempo camelô, foi assim que nos criou com muita luta. Morávamos de baixo de viadutos, pois na época não existia a ASMARE, foi em 1988 que começou a surgir a ideia de fazer uma associação em BH, os catadores apoiaram a ideia e junto com o apoio da igreja e da pastoral de rua começa a desenvolver a ASMARE. Graças a isso tivemos melhores condições.

​ Conheço a ASMARE desde que nasci, mas trabalhei fora e fiquei desempregada e vim trabalhar aqui. Tô na ASMARE mais como forma de sustento (renda), busco oportunidade de trabalho fora. Considero aqui como uma família, o serviço é tranquilo e todo mundo ajuda todo mundo.-MICHELE RAQUEL26 anos Fui criada aqui, vim trabalhar na ASMARE por falta de oportunidade fora, por conta da crise que estamos vivendo. ASMARE me acolheu e hoje é minha fonte de renda, além de poder contribuir para o meio ambiente destinando os materiais para os lugares próprios.-ANA CRISTINA21 anos Filhas de Silvia da Paixão.

Comecei a trabalhar em outro lugar que também mexia com reciclagem, porém lá eu catava na rua e aqui é bem melhor porque já recebemos os materiais reciclados através de doações e aqui todo mundo recebe igual além de ser bem mais organizado e eu gosto de trabalhar aqui, o único problema é que não tem os direitos do trabalho, como INSS...Primeiro fui trabalhar na Curitiba ai foi desativada e fui pra contorno, ai a reciclagem foi para Ituiutaba e é onde trabalho atualmente e gosto muito.

Conheci a ASMARE através de um amigo que trabalha em uma empresa e fazia alguns trabalhos extras aqui. Para mim que já teve diferentes empregos sei como é complicado esses trem de trabalho, só que aqui eu me interessei e acabei gostando de trabalhar com reciclagem além de ser um lugar fácil de trabalhar e que dou muito valor. Se todo mundo ajudasse com a reciclagem, fazendo a coleta certa e trazendo pra cá, nós não estaríamos na degradação que está hoje. Porque tudo que vem pra cá é aproveitável.

Vim com minha mãe a procura de lugar pra morar e emprego, minha mãe já recolhia material reciclado nas ruas. Hoje toda a minha família trabalha aqui. A ASMARE é meu espelho, nos acolheu de uma forma que não prejudicava nada nem ninguém, considero minha casa. Dou muito valor porque vi o tanto que minha mãe, junto com outros catadores, lutaram pelo espaço e pelo reconhecimento da importância do nosso trabalho. Criei meus filhos com a ajuda da ASMARE e pela parceria com uma creche (umei) meus filhos são formados, porque eu podia trabalha tranquila e até mais tarde porque sabia que eles estavam estudando e em um bom lugar ai quando termina o serviço ia busca eles. Tenho orgulho de ser catadora.

Eu morei lá nas torres gêmeas, condomínio ocupado por sem-teto, durante quatorze anos e minha trajetória na ASMARE começou quando o Célio Castro, prefeito da cidade, veio conhecer o trabalho realizado na instituição. Com o objetivo de entrar em contato com Célio, a fim de conseguir uma ajuda para a ocupação, vim até a associação e acabei arrumando um serviço aqui. Assim como eu, diversas pessoas não sabiam o que era a coleta seletiva, separar material, não sabiam de nada. Comecei a trabalhar, fui durante nove anos diretor de comunicação e, em 2014, vice presidente. Através deste trabalho tive a oportunidade de viajar para diversos locais e direto e reto realizo palestras em vários estados e municípios. Portanto este trabalho é um trabalho que garante cidadania e dignidade a todos os que participam.

Andávamos pelas ruas com nossos papeis guardados em caixas, contudo a polícia militar nos confundia com ladrões, sempre vasculhavam nosso material e sofríamos muito tal descriminação. Contudo, éramos trabalhadores. Éramos não, somos trabalhadores até hoje. Com a formação da ASMARE, conquistamos nosso direito enquanto cidadãos, os policiais não mexem mais conosco. Realmente minha vida melhorou cem por cento, hoje possuo meu apartamento no bairro belmonte. A associação me ajudou muito.

A ASMARE transformou muito a minha vida. Antes de existir a associação eu catava papel na rua com a minha mãe e avó, contudo, marginalizados pela sociedade o nosso reconhecimento enquanto cidadãos só foi possível após a ASMARE. Essa conquista nos gerou mais vida, alegria, portanto acho que a associação é muito importante para nós, catadores e moradores de rua, pois através da coleta seletiva proporcionada por ela conquistamos nossos bens materiais e a criação de nossas famílias.”

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